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quarta-feira, 6 de março de 2013

Morre o presidente da Venezuela aos 58 anos

Reprodução: Hugo Chaves  presidente da Venezuela

Cercado de mistério e acusações de conspiração internacional, morreu de câncer nesta terça-feira (6), aos 58 anos, em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. 
Hugo Chávez nunca reclamou quando o chamaram de caudilho, embora preferisse o título de comandante revolucionário. Como todo caudilho sul-americano, a revolução era ele.
O dono de um tal de socialismo bolivariano, que ninguém, nem mesmo Chávez, foi jamais capaz de explicar. Começou a carreira como muitos militares do continente, dando um golpe, descontente com políticos e elites tradicionais, que jamais, no caso da Venezuela, foram capazes de distribuir a grande riqueza do país: petróleo e energia.
Chávez fracassou na primeira tentativa de chegar ao poder, em 1992, mas não desistiu. Escolheu a marcha através das instituições formais da democracia como maneira de atacar a própria democracia, que, no entendimento dele, o caudilho bolivariano, só servia apenas aos interesses de quem ele declarava seus inimigos.
Em 1999, eleito presidente, Chávez não perdeu tempo. Convocou uma Assembleia Nacional Constituinte com a qual forjou as ferramentas que o manteriam no poder até o fim da vida.
Um de seus principais alvos era a imprensa independente: Hugo Chávez ganhou um lugar na já repleta história de caudilhos sul-americanos incapazes de conviver com o contraditório e a liberdade de imprensa.
Para ele, pouco importava: admirador dos irmãos Castro e do experimento ditatorial de Cuba, Chávez achava que a revolução social que tinha como propósito justificaria o emprego de qualquer meio. Foi beneficiado por uma extraordinária conjuntura internacional, que favoreceu a principal -- quase única -- fonte de renda do país: o petróleo.
Chávez transformou a então bem gerida e produtiva PDVSA, a estatal do petróleo, em um braço político dedicado ao distributivismo típico dos caudilhos preocupados apenas com a própria popularidade.
A indústria venezuelana ficou pelo caminho, a corrupção tornou-se ainda pior do que no regime político anterior, a inflação ficou sendo uma das maiores da América do Sul, mas Chávez continuava repetindo: “adelante siempre”.
Fez escola entre outros países ricos em energia, como Equador e Bolívia, onde conquistou adeptos. Tratou de exportar seu modelo para outro país rico na história em caudilhos, a Argentina.
Declarou os Estados Unidos da América como o pior inimigo da Venezuela. Protagonizou um dos piores momentos da Assembleia Geral das Nações Unidas, ao dizer que onde o então presidente americano George W. Bush havia acabado de discursar ainda prevalecia o cheiro de enxofre, o cheiro do diabo.
Sua maior desmoralização internacional, no entanto, ocorreu nas mãos do rei da Espanha, Juan Carlos, que o mandou se calar. Chávez quase foi derrubado em 2002 por um mal-articulado golpe militar no qual ele identificou a mão do império, a mão dos Estados Unidos.
Rompeu relações diplomáticas com Israel e estreitou laços com o Irã. Tornou-se muito popular em Moscou com as pesadas compras de armas, e um inimigo da vizinha Colômbia, que o acusava de abrigar, armar e ajudar os narcoguerrilheiros das Farc.
Encontrou no governo petista do Brasil um aliado confortável em várias iniciativas no continente, como a expansão do Mercosul, através de um truque diplomático articulado contra o Paraguai.
Faltou, porém, com a palavra dada a um de seus maiores amigos, o ex-presidente Lula, com quem combinou construir uma refinaria em Pernambuco. Até hoje, o aporte financeiro prometido por Chávez não se materializou, obrigando a Petrobras a tocar sozinha o projeto.
Ajudado por uma oposição desarticulada, desmoralizada e vítima também de perseguições, Chávez dominou a Venezuelal, mas não conseguiu realizar o tal do socialismo bolivariano, inspirado na figura de Simon Bolívar, que ele mandou exumar e venerava como um santo.
Como todo caudilho, embevecido de si mesmo, Chávez detinha a última palavra em qualquer assunto. Tinha a certeza de que seu nome, e a inspiração aos camisas vermelhas, seria o suficiente para levar a Venezuela a um grande futuro, pelo qual o país -- dividido, traumatizado, empobrecido e violento -- continua esperando.
Fonte: G1

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